“Não terás outros deuses além de mim.” (Ex 20, 3)
“Narram os céus a glória de Deus, e o firmamento
anuncia a obra de suas mãos.
O dia ao outro transmite essa mensagem, e uma noite
à outra a repete.
Não é uma língua nem são palavras, cujo sentido não
se perceba, porque por toda a terra se espalha o seu ruído, e até os confins do
mundo a sua voz;
aí armou Deus para o sol uma tenda.
E este, qual esposo que sai do seu tálamo, exulta,
como um gigante, a percorrer seu caminho.
Sai de um extremo do céu, e no outro termina o seu
curso; nada se furta ao seu calor.
A lei do Senhor é perfeita, reconforta a alma; a
ordem do Senhor é segura, instrui o simples. Os preceitos do Senhor são retos,
deleitam o coração; o mandamento do Senhor é luminoso, esclarece os olhos.”
(Sl 18, 2-9)
“Pois o que é dito insensatez de Deus é mais sábio do que os homens, e o
que é dito fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.” (1Cor 1, 25)
“Vendo os sinais que
realizava, muitos creram no seu nome. Mas Jesus não lhes dava crédito, pois ele
conhecia a todos; e não precisava do testemunho de ninguém acerca do ser
humano, porque ele conhecia o homem por dentro.” (Jo 2, 23-25)
Escândalo para muitos, não
compreendido até pelos seus. Uns à espera de milagres, feitos fantásticos, caminhos
de salvação imediata. Outros na busca de serem impressionados ou de algo que
lhes fosse superior.
Eis o Deus verdadeiro, eis a nós,
seu povo.
Assim, não reconhecemos que o
Reino de Deus está próximo (disse João Batista – Mt 3,2 – e Jesus – Mt 4, 17,
Mc 1, 15 –, que mandou assim pregar – Mt 10, 7, Lc 10, 9-11), nem zelaremos
pelo Templo com o Amor que devemos ter (S l 69, 10).
Os mandamentos, enquanto
expressão da essência, da identidade que devemos ter com Deus, mostram o
caminho que nos leva à unidade e à comunhão dos santos. Se tivermos consciência
disso, jamais deixaremos de ter em mente a importância dessa união:
“Ouça, Israel!
Javé nosso Deus é o único Javé. Portanto, ame a Javé seu Deus com todo o seu
coração, com toda a sua alma e com toda a sua força. Que estas palavras, que
hoje eu lhe ordeno, estejam em seu coração. Você as inculcará em seus filhos, e
delas falará sentado em sua casa e andando em seu caminho, estando deitado e de
pé. Você também as amarrará em sua mão como sinal, e elas serão como faixa
entre seus olhos. Você as escreverá nos batentes de sua casa e nas portas da
cidade.” (Dt 6, 4-9)
A prática dos mandamentos nos
afasta do mal e dos pecados capitais, sendo, mais do que uma regra ou ordem,
uma descrição do caminho que segue aquele que tem Deus por seu criador e
salvador:
“Quanto a
você, volte a obedecer a Javé seu Deus, colocando em prática todos os
mandamentos dele, que eu hoje lhe ordeno. Javé seu Deus fará prosperar as
iniciativas suas, o fruto do seu ventre, o fruto dos seus animais e o fruto do
seu solo. Porque Javé voltará a ter prazer com a felicidade de você, assim como
tinha prazer com a felicidade de seus antepassados. A condição, porém, é que
você obedeça a Javé seu Deus, observando-lhe os mandamentos e estatutos
escritos neste livro da Lei, e que você se converta com todo o coração e com
toda a alma para Javé seu Deus.” (Dt 30, 8-10)
Portanto, aquele que ama a Deus,
por consequência, e se tem o devido entendimento, segue esses mandamentos. Eles
são a garantia da liberdade que Deus nos deseja. Uma liberdade das prisões
terrenas, nesta vida e nos céus.
Deus está acima de tudo e
presente como o sol que ilumina o dia. Não há como afastar a sua força, nem
fugir do caminho que preparou. Essa é uma realidade da qual não teremos como
fugir.
Por isso mesmo, se ele quer nosso
coração (Sl 49, 23; 50, 19), não adianta cumprimentos apenas exteriores de seus
preceitos. Ele nos conhece. Mais ainda, conhecemos seus mandamentos, os quais,
como obra da criação, estão inscritos em nosso interior como vestígio do traço
de Deus. Se nos desviamos, são nossos atos que nos condenam (Mt 25, 31; “Assim,
casa de Israel, eu vou julgar cada um de vocês de acordo com a própria maneira
de viver”, Ez 18, 30).
Devemos ser firmes para expulsar
tudo que se aproxima do Templo do Senhor (1 Cor 3, 16; 6, 19; 2 Cor 6, 16; Jo
2, 21). Ora, e se somos Templo do Espírito, por onde a obra de Deus se faz, não
podemos permitir que, por comodismo, displicência ou relativismo, a iniquidade
se aproxime e conspurque o espaço de oração. É preciso expulsar tudo aquilo que
tenta fazer do Templo um local de autossuficiência mundana. Só assim, vivendo a
radicalidade do amor divino, poderemos verdadeiramente considerar que somos
oferenda para Deus.
Paz e Bem!
(3º domingo da Quaresma de 2015)
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