Franciscanos Seculares em Natal

Estruturada a partir de Fraternidades Locais, a Ordem Franciscana Secular compõe-se de pessoas que, assumindo sua condição de batizados, propõem-se a, no estado secular, seguir o Evangelho conforme o exemplo de São Francisco, observando a Regra e Vida da OFS. A Fraternidade São Francisco de Assis integra a Família Franciscana do Brasil e fica na Cidade Alta (Centro), em Natal-RN. Foi a primeira da cidade.

Levar o Evangelho à Vida

"Hoje que a Igreja deseja viver uma profunda renovação missionária, há uma forma de pregação que nos compete a todos como tarefa diária: é cada um levar o Evangelho às pessoas com quem se encontra, tanto aos mais íntimos como aos desconhecidos. É a pregação informal que se pode realizar durante uma conversa, e é também a que realiza um missionário quando visita um lar. Ser discípulo significa ter a disposição permanente de levar aos outros o amor de Jesus; e isto sucede espontaneamente em qualquer lugar: na rua, na praça, no trabalho, num caminho." (Evangelii Gaudium, n. 127)

Oração de São Francisco


Reflexão

ABRIR-SE PARA CRISTO:
Fé e Oração permanentes

A Páscoa do Cristão é todo dia, a todo momento. O dia, o ano litúrgico e a vida devem ser uma manifestação dessa passagem para a verdadeira vida.
Celebramos isso especialmente na Quaresma, que é um tempo especial de preparação para essa Páscoa. E ela é acompanhada de doação, orações, jejum com vistas a despertar a santidade que há em nós.
Este é o resumo das mensagens colocadas no Blog Ofsnatal no ano de 2015 para que possamos estar continuamente a nos preparar para o Reino dos Céus.

O QUE FOI DITO
É preciso abrir-se para Cristo e se deixar semear, sabendo que estar com Cristo é estar com os outros. É por isso que Deus nos mostra como amar. E nada O afasta de nós.
Mas lembremos que como medirmos, seremos medidos.
Deus quer o nosso coração. Por isso podemos confiar na proteção divina e abrigarmo-nos na misericórdia de Deus. Ele quer ver-nos frutificar.
Confiemos no Amor de Deus, Ele nos ensina o caminho para o seu coração; aceitemos ouvi-Lo. Só assim poderemos fazer Cristo presente e ser o povo de Deus. Aquele ao qual ele olha com carinho e apenas diz "não peques mais".

MENSAGENS: a fé e a obediência a Deus
I
Não será a força com que as palavras saem de nossa boca que fará com que sejam ouvidas, mas a força com que saem de nosso coração. Nossa oração reside na intimidade com o Pai, no seguimento do exemplo do Filho e nos relacionarmos com os irmãos – principalmente no perdão – e na companhia constante do Espírito Santo.
Deixemos que a Palavra nos mostre o poder da Providência Divina. Oremos a isso.
Enquanto estamos neste mundo, confiemos que Deus continua a aguardar nossas condutas. Deus é amor e fica feliz com a menor das ovelhas perdidas que encontra. Mudemos nossa conduta enquanto podemos. Mudemos a partir do outro. E podemos agora. Deus não nos procura com cólera, mas com amor.

II
A fé é um tesouro que deve ser cuidadosamente preservado. Deus nos fez livres, mas sua Misericórdia nos mostra Seu caminho para que possamos continuamente vigiar nossos passos. Não para nos punir, mas para nos acolher e amar. Sempre saberemos por onde ir. Nunca fujamos de seus Preceitos; Dele, que ama a todos, como nós também devemos amar.
Abraão e Isaac não tentaram a Deus (Gn 22, 1). Quem segue o caminho que Deus indica e confia que Ele tudo proverá, coloca o que tem de mais precioso - principalmente aos olhos dos homens - a serviço desse chamado. E, em três dias, chegaram a Moriá.
Deus providenciará tudo para o caminho (Lc 10, 4; 12, 27; Mt 6, 28), inclusive o destino. E suas bênçãos recairão sobre seus servos.
A fé deve ser manifestada numa conduta de louvor e agradecimento, que manifestará a caridade no mundo e pregará a esperança na vida que há de vir.
Lembremos da transfiguração. Como os apóstolos reconheceram Moisés e Elias? Poderíamos pensar que de maneira sobrenatural e maravilhosa foi-lhes dito naquela ocasião única e especial por aqueles que estavam a sua frente. Mas, de maneira mais simples e aberta, podemos dizer que eles o souberam.
Em seus corações, viram Jesus entre a Lei e os Profetas. Viram e sentiram-no. Mais não necessitou ser dito sobre isso.
São Marcos registra o medo e a dificuldade mesmo dos mais próximos de Jesus para compreender a realidade divina mesmo após verem o Mestre transfigurado e terem ouvido a própria voz do Pai; o que santo evangelista também registra e que confirma a relação filial com o Cristo.
Por quê seria diferente conosco? Por quê também não teríamos dificuldade? E poderíamos também já perguntar, por quê não seríamos também filhos de Deus?
E, em assim sendo, por quê não haveríamos de ressuscitar com Ele?
Para isso, precisamos manter viva a fé e ouvirmos o que Ele nos diz, mesmo nas dificuldades, mesmo quando estivermos distantes.
Quanto mais longe de Deus, mais devemos silenciar para ouvi-Lo. Menos barulho do mundo devemos procurar. Menos devemos fugir Dele.
A Luz veio ao mundo e temos que abrir os olhos para ela (Jo 3, 19; 8, 12). A Deus, nada é impossível e Ele nos busca sem cessar, mesmo que não o procuremos. Porém, muitas vezes, não reconhecemos sua Providência, seu Amor.
Ouçamos Cristo.

III
Está a nosso alcance sermos perfeitos como o Pai, a começar pelos momentos em que dizemos “perdoai as nossas ofensas”, pois antes deveríamos dizer, “mas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”. Ao tratarmos um irmão de determinada forma, saibamos que é assim que seremos tratados. Não somos proprietários dos céus para julgarmos os outros. Apenas compreendamos o outro e o ajudemos. Assim, levaremos Deus ao outro.
A conversão, como todo ato de vontade, tem um objetivo. E ele está expresso no amar a Deus. E Deus é caminho de salvação. Seguindo seus passos, seremos felizes prisioneiros de Cristo, como São Paulo, e livres para o amor. Não bastarão palavras, será preciso mostrar Deus ao mundo por nossas atitudes de serviço, simplicidade e humildade cristãs.

IV
Qual a fé que temos em Deus? No Pai, no Filho, no Espírito Santo? As provações, os tratamentos injustos, a ingratidão, são coisas do mundo e assim existem. Tanto quanto perdoar, devemos saber confiar em Deus, em sua Divina Misericórdia, e confiar que, se seguimos seus preceitos, se agimos como Jesus, tudo também ocorrerá como deve ser. É sinal de confiança realmente pedir a Deus e entregar-lhe o que não está a nosso alcance prever ou mudar. Repito: Senhor, em vós confio, pois sois vós o meu Deus!
Eu devo sempre me esforçar para aumentar a fé em Deus e não no que eu ou outros são capazes de fazer. Sem a graça de Deus, nada de verdadeiro é alcançado. Tudo o que faço deve ser oferta humilde a serviço do plano divino. Vigiar as condutas, a quem valorizo e me associo, precisa ser um trabalho constante.  Já nos foi dito tudo o que precisávamos; agora, é acreditar de coração e ver as maravilhas de Deus nas coisas simples.
Senhor, por vezes já sei de antemão que não vou obedecê-lo. Afasto-me de vossa seiva santa. Mas Deus quer frutos, e frutos de santidade. Ele não se cansará de nos buscar. Por vezes, mesmo na provação, seus insondáveis planos, já traçados, marcham sem parar. Devemos confiar. Só nos apercebemos aos poucos ou quando a obra é terminada. Precisamos estar prontos para estarmos no Reino de Deus.
A fé que tenho em Deus deve ir ao ponto de também abrir os braços, como imagem e semelhança Dele, e não ter medo de ir ao seu encontro para mostrar-lhe meu coração arrependido. O tempo todo, ele nos lembra: "o que é meu, é teu"! Alegremo-nos! Estejamos felizes na simplicidade do dia-a-dia e façamos a festa pelo que retorna, mesmo que na nossa humanidade não o desejássemos.

V
Escândalo para muitos, não compreendido até pelos seus. Uns à espera de milagres, feitos fantásticos, caminhos de salvação imediata. Outros na busca de serem impressionados ou de algo que lhes fosse superior.
Eis o Deus verdadeiro, eis a nós, seu povo.
Assim, não reconhecemos que o Reino de Deus está próximo (disse João Batista – Mt 3,2 – e Jesus – Mt 4, 17, Mc 1, 15 –, que mandou assim pregar – Mt 10, 7, Lc 10, 9-11), nem zelaremos pelo Templo com o Amor que devemos ter (S l 69, 10).
Os mandamentos, enquanto expressão da essência, da identidade que devemos ter com Deus, mostram o caminho que nos leva à unidade e à comunhão dos santos. Se tivermos consciência disso, jamais deixaremos de ter em mente a importância dessa união:
“Ouça, Israel! Javé nosso Deus é o único Javé. Portanto, ame a Javé seu Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma e com toda a sua força. Que estas palavras, que hoje eu lhe ordeno, estejam em seu coração. Você as inculcará em seus filhos, e delas falará sentado em sua casa e andando em seu caminho, estando deitado e de pé. Você também as amarrará em sua mão como sinal, e elas serão como faixa entre seus olhos. Você as escreverá nos batentes de sua casa e nas portas da cidade.” (Dt 6, 4-9)

A prática dos mandamentos nos afasta do mal e dos pecados capitais, sendo, mais do que uma regra ou ordem, uma descrição do caminho que segue aquele que tem Deus por seu criador e salvador:
“Quanto a você, volte a obedecer a Javé seu Deus, colocando em prática todos os mandamentos dele, que eu hoje lhe ordeno. Javé seu Deus fará prosperar as iniciativas suas, o fruto do seu ventre, o fruto dos seus animais e o fruto do seu solo. Porque Javé voltará a ter prazer com a felicidade de você, assim como tinha prazer com a felicidade de seus antepassados. A condição, porém, é que você obedeça a Javé seu Deus, observando-lhe os mandamentos e estatutos escritos neste livro da Lei, e que você se converta com todo o coração e com toda a alma para Javé seu Deus.” (Dt 30, 8-10)

Portanto, aquele que ama a Deus, por consequência, e se tem o devido entendimento, segue esses mandamentos. Eles são a garantia da liberdade que Deus nos deseja. Uma liberdade das prisões terrenas, nesta vida e nos céus.
Deus está acima de tudo e presente como o sol que ilumina o dia. Não há como afastar a sua força, nem fugir do caminho que preparou. Essa é uma realidade da qual não teremos como fugir.
Por isso mesmo, se ele quer nosso coração (Sl 49, 23; 50, 19), não adianta cumprimentos apenas exteriores de seus preceitos. Ele nos conhece. Mais ainda, conhecemos seus mandamentos, os quais, como obra da criação, estão inscritos em nosso interior como vestígio do traço de Deus. Se nos desviamos, são nossos atos que nos condenam (Mt 25, 31; “Assim, casa de Israel, eu vou julgar cada um de vocês de acordo com a própria maneira de viver”, Ez 18, 30).

VI
Devemos ser firmes para expulsar tudo de perverso que se aproxima do Templo do Senhor (1 Cor 3, 16; 6, 19; 2 Cor 6, 16; Jo 2, 21). Ora, e se somos Templo do Espírito, por onde a obra de Deus se faz, não podemos permitir que, por comodismo, displicência ou relativismo, a iniquidade se aproxime e conspurque o espaço de oração. É preciso expulsar tudo aquilo que tenta fazer do Templo um local de autossuficiência mundana. Só assim, vivendo a radicalidade do amor divino, poderemos verdadeiramente considerar que somos oferenda para Deus.
Nós somos o povo de Deus. Ele nos pastoreia como a ovelhas. E ele é o bom pastor. Antes de tudo, ele prescreveu: “ouvi a minha voz” (Jr 7, 23)! Não nos deixemos levar pelo espírito de orgulho ou indiferença. Em Cristo e no seu acolhimento ao próximo está todo o poder que pode guarnecer a nossa casa, a nossa mente e a nossa família. Não tenhamos medo, a partir de nossos atos, vamos render-lhe louvor para reunirmos todos Nele que nos salva.
Devemos assumir a radicalidade do seguimento de Cristo ao profetizar no meio em que vivemos, evidenciando o que é certo e errado, mas com amor e ternura. Sobretudo, não aderir ao mal e preparar-se para a irresignação e incompreensão que poderá ser gerada. Mas será que estou preparado para o seguimento de Cristo? Tudo o que ele nos revela é fonte de santidade e de Amor. Estejamos com Ele.

VII
Em Deus, não há mancha, não há pecado. Conhecê-lo, é estar com ele. Não significa apenas vê-lo e mesmo assim resistir a seu apelo de amor, mas abrir o coração para seu poder libertador. Poder olhar e dizer "Meu Senhor e Meu Deus". E depois, como Francisco, "meu Deus... E meu tudo!".
O Criador, ao se encarnar e assumir a condição humana, fá-lo corporalmente sem limites. Há um mistério de entrega e amor ao compartilhar o caminho com sua criação que se louva através dos séculos. Tudo para atrair o homem a Ele.
Para isso, não precisamos nos revestir externamente de boa aparência moral, mas internamente mostrar um coração puro e ter firmeza para seguir os passos do Senhor.
E, ao seguir esses passos, teremos nova vida.
Cristo nos convida a ver morrer tudo o que em nós é velho e limitado para conhecê-lo. E conhecê-lo é servir. Não apenas a Ele, mas sobretudo com Ele e Nele, com a Igreja - seu corpo místico - e nela.
O Senhor nos dá o exemplo da oração na qual reconhece que é preciso deixar o Pai agir, não pedir para nos livrar do que julgamos ser sofrimento, para que tudo seja conforme a nossa vontade. Conhecer e seguir a Deus significa reconhecer que, dentre os vários caminhos que nos surgem, um é de Deus. E basta permanecer nele. Para isso, Deus nos diz que assim glorifica a Cristo, caminho, verdade e vida.

VIII
A misericórdia de Deus suplanta toda a perspectiva humana. Tenhamos ou não nos desviado do caminho, Ele nos ama. Se somos inocentes, vem em nosso socorro para que o mal seja visto. Se somos culpados, quer o nosso coração. Mas isso exige de todos uma postura humilde e reconciliadora, capaz de buscar e encontrar o Bem no íntimo da alma humana.

O QUE FOI DITO

É preciso abrir-se para Cristo e se deixar semear, sabendo que estar com Cristo é estar com os outros. É por isso que Deus nos mostra como amar. E nada O afasta de nós.
Mas lembremos que como medirmos, seremos medidos.
Deus quer o nosso coração. Por isso podemos confiar na proteção divina e abrigarmo-nos na misericórdia de Deus. Ele quer ver-nos frutificar.
Confiemos no Amor de Deus, Ele nos ensina o caminho para o seu coração; aceitemos ouvi-Lo. Só assim poderemos fazer Cristo presente e ser o povo de Deus. Aquele ao qual ele olha com carinho e apenas diz "não peques mais".


Paz e Bem!

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