ABRIR-SE PARA CRISTO:
Fé e Oração permanentes
Fé e Oração permanentes
A Páscoa do
Cristão é todo dia, a todo momento. O dia, o ano litúrgico e a vida devem ser
uma manifestação dessa passagem para a verdadeira vida.
Celebramos isso especialmente na Quaresma, que é
um tempo especial de preparação para essa Páscoa. E ela é acompanhada
de doação, orações, jejum com vistas a despertar a santidade que há em nós.
Este é o
resumo das mensagens colocadas no Blog Ofsnatal
no ano de 2015 para que possamos estar
continuamente a nos preparar para o Reino dos Céus.
O QUE FOI DITO
É preciso abrir-se
para Cristo e se deixar semear, sabendo que estar com Cristo é estar com os
outros. É por isso que Deus nos mostra como amar. E nada O afasta de nós.
Mas lembremos
que como medirmos, seremos medidos.
Deus quer o nosso
coração. Por isso podemos confiar na proteção divina e abrigarmo-nos na
misericórdia de Deus. Ele quer ver-nos frutificar.
Confiemos no
Amor de Deus, Ele nos ensina o caminho para o seu coração; aceitemos ouvi-Lo.
Só assim poderemos fazer Cristo presente e ser o povo de Deus. Aquele ao qual
ele olha com carinho e apenas diz "não peques mais".
MENSAGENS: a fé e a
obediência a Deus
I
Não será a
força com que as palavras saem de nossa boca que fará com que sejam ouvidas,
mas a força com que saem de nosso coração. Nossa oração reside na intimidade
com o Pai, no seguimento do exemplo do Filho e nos relacionarmos com os irmãos
– principalmente no perdão – e na companhia constante do Espírito Santo.
Deixemos que a
Palavra nos mostre o poder da Providência Divina. Oremos a isso.
Enquanto
estamos neste mundo, confiemos que Deus continua a aguardar nossas condutas.
Deus é amor e fica feliz com a menor das ovelhas perdidas que encontra. Mudemos
nossa conduta enquanto podemos. Mudemos a partir do outro. E podemos agora.
Deus não nos procura com cólera, mas com amor.
II
A fé é um
tesouro que deve ser cuidadosamente preservado. Deus nos fez livres, mas sua Misericórdia nos mostra Seu caminho para que possamos continuamente vigiar
nossos passos. Não para nos punir, mas para nos acolher e amar. Sempre
saberemos por onde ir. Nunca fujamos de seus Preceitos; Dele, que ama a todos,
como nós também devemos amar.
Abraão e Isaac
não tentaram a Deus (Gn 22, 1). Quem segue o caminho que Deus indica e confia
que Ele tudo proverá, coloca o que tem de mais precioso - principalmente aos
olhos dos homens - a serviço desse chamado. E, em três dias, chegaram a Moriá.
Deus
providenciará tudo para o caminho (Lc 10, 4; 12, 27; Mt 6, 28), inclusive o
destino. E suas bênçãos recairão sobre seus servos.
A fé deve ser
manifestada numa conduta de louvor e agradecimento, que manifestará a caridade
no mundo e pregará a esperança na vida que há de vir.
Lembremos da
transfiguração. Como os apóstolos reconheceram Moisés e Elias? Poderíamos
pensar que de maneira sobrenatural e maravilhosa foi-lhes dito naquela ocasião
única e especial por aqueles que estavam a sua frente. Mas, de maneira mais
simples e aberta, podemos dizer que eles o souberam.
Em seus
corações, viram Jesus entre a Lei e os Profetas. Viram e sentiram-no. Mais não
necessitou ser dito sobre isso.
São Marcos
registra o medo e a dificuldade mesmo dos mais próximos de Jesus para
compreender a realidade divina mesmo após verem o Mestre transfigurado e terem
ouvido a própria voz do Pai; o que santo evangelista também registra e que
confirma a relação filial com o Cristo.
Por quê seria
diferente conosco? Por quê também não teríamos dificuldade? E poderíamos também
já perguntar, por quê não seríamos também filhos de Deus?
E, em assim
sendo, por quê não haveríamos de ressuscitar com Ele?
Para isso,
precisamos manter viva a fé e ouvirmos o que Ele nos diz, mesmo nas
dificuldades, mesmo quando estivermos distantes.
Quanto mais
longe de Deus, mais devemos silenciar para ouvi-Lo. Menos barulho do mundo
devemos procurar. Menos devemos fugir Dele.
A Luz veio ao
mundo e temos que abrir os olhos para ela (Jo 3, 19; 8, 12). A Deus, nada é
impossível e Ele nos busca sem cessar, mesmo que não o procuremos. Porém,
muitas vezes, não reconhecemos sua Providência, seu Amor.
Ouçamos Cristo.
III
Está a nosso
alcance sermos perfeitos como o Pai, a começar pelos momentos em que dizemos
“perdoai as nossas ofensas”, pois antes deveríamos dizer, “mas assim como nós
perdoamos a quem nos tem ofendido”. Ao tratarmos um irmão de determinada forma,
saibamos que é assim que seremos tratados. Não somos proprietários dos céus
para julgarmos os outros. Apenas compreendamos o outro e o ajudemos. Assim,
levaremos Deus ao outro.
A conversão,
como todo ato de vontade, tem um objetivo. E ele está expresso no amar a Deus.
E Deus é caminho de salvação. Seguindo seus passos, seremos felizes
prisioneiros de Cristo, como São Paulo, e livres para o amor. Não bastarão
palavras, será preciso mostrar Deus ao mundo por nossas atitudes de serviço,
simplicidade e humildade cristãs.
IV
Qual a fé que
temos em Deus? No Pai, no Filho, no Espírito Santo? As provações, os
tratamentos injustos, a ingratidão, são coisas do mundo e assim existem. Tanto
quanto perdoar, devemos saber confiar em Deus, em sua Divina Misericórdia, e
confiar que, se seguimos seus preceitos, se agimos como Jesus, tudo também
ocorrerá como deve ser. É sinal de confiança realmente pedir a Deus e
entregar-lhe o que não está a nosso alcance prever ou mudar. Repito: Senhor, em
vós confio, pois sois vós o meu Deus!
Eu devo sempre
me esforçar para aumentar a fé em Deus e não no que eu ou outros são capazes de
fazer. Sem a graça de Deus, nada de verdadeiro é alcançado. Tudo o que faço
deve ser oferta humilde a serviço do plano divino. Vigiar as condutas, a quem
valorizo e me associo, precisa ser um trabalho constante. Já nos foi dito tudo o que precisávamos; agora,
é acreditar de coração e ver as maravilhas de Deus nas coisas simples.
Senhor, por
vezes já sei de antemão que não vou obedecê-lo. Afasto-me de vossa seiva santa.
Mas Deus quer frutos, e frutos de santidade. Ele não se cansará de nos buscar.
Por vezes, mesmo na provação, seus insondáveis planos, já traçados, marcham sem
parar. Devemos confiar. Só nos apercebemos aos poucos ou quando a obra é
terminada. Precisamos estar prontos para estarmos no Reino de Deus.
A fé que tenho
em Deus deve ir ao ponto de também abrir os braços, como imagem e semelhança
Dele, e não ter medo de ir ao seu encontro para mostrar-lhe meu coração
arrependido. O tempo todo, ele nos lembra: "o que é meu, é teu"!
Alegremo-nos! Estejamos felizes na simplicidade do dia-a-dia e façamos a festa
pelo que retorna, mesmo que na nossa humanidade não o desejássemos.
V
Escândalo para
muitos, não compreendido até pelos seus. Uns à espera de milagres, feitos
fantásticos, caminhos de salvação imediata. Outros na busca de serem
impressionados ou de algo que lhes fosse superior.
Eis o Deus
verdadeiro, eis a nós, seu povo.
Assim, não
reconhecemos que o Reino de Deus está próximo (disse João Batista – Mt 3,2 – e
Jesus – Mt 4, 17, Mc 1, 15 –, que mandou assim pregar – Mt 10, 7, Lc 10, 9-11),
nem zelaremos pelo Templo com o Amor que devemos ter (S l 69, 10).
Os
mandamentos, enquanto expressão da essência, da identidade que devemos ter com
Deus, mostram o caminho que nos leva à unidade e à comunhão dos santos. Se
tivermos consciência disso, jamais deixaremos de ter em mente a importância
dessa união:
“Ouça, Israel!
Javé nosso Deus é o único Javé. Portanto, ame a Javé seu Deus com todo o seu
coração, com toda a sua alma e com toda a sua força. Que estas palavras, que
hoje eu lhe ordeno, estejam em seu coração. Você as inculcará em seus filhos, e
delas falará sentado em sua casa e andando em seu caminho, estando deitado e de
pé. Você também as amarrará em sua mão como sinal, e elas serão como faixa
entre seus olhos. Você as escreverá nos batentes de sua casa e nas portas da
cidade.” (Dt 6, 4-9)
A prática dos
mandamentos nos afasta do mal e dos pecados capitais, sendo, mais do que uma
regra ou ordem, uma descrição do caminho que segue aquele que tem Deus por seu
criador e salvador:
“Quanto a
você, volte a obedecer a Javé seu Deus, colocando em prática todos os
mandamentos dele, que eu hoje lhe ordeno. Javé seu Deus fará prosperar as
iniciativas suas, o fruto do seu ventre, o fruto dos seus animais e o fruto do
seu solo. Porque Javé voltará a ter prazer com a felicidade de você, assim como
tinha prazer com a felicidade de seus antepassados. A condição, porém, é que
você obedeça a Javé seu Deus, observando-lhe os mandamentos e estatutos
escritos neste livro da Lei, e que você se converta com todo o coração e com
toda a alma para Javé seu Deus.” (Dt 30, 8-10)
Portanto,
aquele que ama a Deus, por consequência, e se tem o devido entendimento, segue
esses mandamentos. Eles são a garantia da liberdade que Deus nos deseja. Uma
liberdade das prisões terrenas, nesta vida e nos céus.
Deus está
acima de tudo e presente como o sol que ilumina o dia. Não há como afastar a
sua força, nem fugir do caminho que preparou. Essa é uma realidade da qual não
teremos como fugir.
Por isso
mesmo, se ele quer nosso coração (Sl 49, 23; 50, 19), não adianta cumprimentos
apenas exteriores de seus preceitos. Ele nos conhece. Mais ainda, conhecemos
seus mandamentos, os quais, como obra da criação, estão inscritos em nosso
interior como vestígio do traço de Deus. Se nos desviamos, são nossos atos que
nos condenam (Mt 25, 31; “Assim, casa de Israel, eu vou julgar cada um de vocês
de acordo com a própria maneira de viver”, Ez 18, 30).
VI
Devemos ser
firmes para expulsar tudo de perverso que se aproxima do Templo do Senhor (1
Cor 3, 16; 6, 19; 2 Cor 6, 16; Jo 2, 21). Ora, e se somos Templo do Espírito,
por onde a obra de Deus se faz, não podemos permitir que, por comodismo,
displicência ou relativismo, a iniquidade se aproxime e conspurque o espaço de
oração. É preciso expulsar tudo aquilo que tenta fazer do Templo um local de
autossuficiência mundana. Só assim, vivendo a radicalidade do amor divino,
poderemos verdadeiramente considerar que somos oferenda para Deus.
Nós somos o
povo de Deus. Ele nos pastoreia como a ovelhas. E ele é o bom pastor. Antes de
tudo, ele prescreveu: “ouvi a minha voz” (Jr 7, 23)! Não nos deixemos levar
pelo espírito de orgulho ou indiferença. Em Cristo e no seu acolhimento ao
próximo está todo o poder que pode guarnecer a nossa casa, a nossa mente e a
nossa família. Não tenhamos medo, a partir de nossos atos, vamos render-lhe
louvor para reunirmos todos Nele que nos salva.
Devemos
assumir a radicalidade do seguimento de Cristo ao profetizar no meio em que
vivemos, evidenciando o que é certo e errado, mas com amor e ternura.
Sobretudo, não aderir ao mal e preparar-se para a irresignação e incompreensão
que poderá ser gerada. Mas será que estou preparado para o seguimento de
Cristo? Tudo o que ele nos revela é fonte de santidade e de Amor. Estejamos com
Ele.
VII
Em Deus, não
há mancha, não há pecado. Conhecê-lo, é estar com ele. Não significa apenas
vê-lo e mesmo assim resistir a seu apelo de amor, mas abrir o coração para seu
poder libertador. Poder olhar e dizer "Meu Senhor e Meu Deus". E
depois, como Francisco, "meu Deus... E meu tudo!".
O Criador, ao
se encarnar e assumir a condição humana, fá-lo corporalmente sem limites. Há um
mistério de entrega e amor ao compartilhar o caminho com sua criação que se
louva através dos séculos. Tudo para atrair o homem a Ele.
Para isso, não
precisamos nos revestir externamente de boa aparência moral, mas internamente
mostrar um coração puro e ter firmeza para seguir os passos do Senhor.
E, ao seguir
esses passos, teremos nova vida.
Cristo nos
convida a ver morrer tudo o que em nós é velho e limitado para conhecê-lo. E
conhecê-lo é servir. Não apenas a Ele, mas sobretudo com Ele e Nele, com a
Igreja - seu corpo místico - e nela.
O Senhor nos
dá o exemplo da oração na qual reconhece que é preciso deixar o Pai agir, não
pedir para nos livrar do que julgamos ser sofrimento, para que tudo seja
conforme a nossa vontade. Conhecer e seguir a Deus significa reconhecer que,
dentre os vários caminhos que nos surgem, um é de Deus. E basta permanecer
nele. Para isso, Deus nos diz que assim glorifica a Cristo, caminho, verdade e
vida.
VIII
A misericórdia
de Deus suplanta toda a perspectiva humana. Tenhamos ou não nos desviado do
caminho, Ele nos ama. Se somos inocentes, vem em nosso socorro para que o mal
seja visto. Se somos culpados, quer o nosso coração. Mas isso exige de todos
uma postura humilde e reconciliadora, capaz de buscar e encontrar o Bem no
íntimo da alma humana.
O QUE FOI DITO
É preciso abrir-se
para Cristo e se deixar semear, sabendo que estar com Cristo é estar com os
outros. É por isso que Deus nos mostra como amar. E nada O afasta de nós.
Mas lembremos
que como medirmos, seremos medidos.
Deus quer o nosso
coração. Por isso podemos confiar na proteção divina e abrigarmo-nos na
misericórdia de Deus. Ele quer ver-nos frutificar.
Confiemos no
Amor de Deus, Ele nos ensina o caminho para o seu coração; aceitemos ouvi-Lo.
Só assim poderemos fazer Cristo presente e ser o povo de Deus. Aquele ao qual
ele olha com carinho e apenas diz "não peques mais".
Paz e Bem!
Nenhum comentário:
Postar um comentário