Hoje é dia de um convite especial. Todos os dias somos convidados à alegria, à oração, à caridade, à abstinência dos prazeres vazios e vãos. Mas hoje há um convite à conversão. Há um convite para uma alegria, uma oração, um coração mais puro e mais verdadeiro.
A isso se destina o terceiro mistério da luz no Santo Rosário, do Reino já personificado no Cristo, segundo o Beato João Paulo II (Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae):
"a pregação com a qual Jesus anuncia o advento do Reino de Deus e convida à conversão (cf. Mc 1, 15), perdoando os pecados de quem a Ele se dirige com humilde confiança (cf.Mc 2, 3-13; Lc 7), início do ministério de misericórdia que Ele prosseguirá exercendo até ao fim do mundo, especialmente através do sacramento da Reconciliação confiado à sua Igreja (cf. Jo 20, 22-23)".
Então é um convite não apenas à verdade, mas nessa Páscoa anual, para a Grande Quaresma cristã. Toda a comunidade de Amor, como corpo místico de Cristo, reunida em torno de Deus, Pai, Filho e Espírito Santo; especialmente pela cruz de Cristo.
O catecismo da Igreja Católica reforça da seguinte forma essa oração conjunta da assembléia, ao trazer lição de São João Crisóstomo (CIC 2179):
"Podes também rezar em tua casa; mas não podes rezar aí como na igreja, onde muitos se reúnem, onde o grito é lançado a Deus de um só coração. [...] Há lá qualquer coisa mais: a união dos espíritos, a harmonia das almas, o laço da caridade, as orações dos sacerdotes".
Todo um povo, unido em pensamento, coração e forças, voltado para a conversão e preparação para a presença do Reino ("Venha a nós o Vosso Reino") quando da vinda de Cristo.
Hoje somos convidados às cinzas que dão início ao tempo litúrgico da Quaresma.
Período propício às bênçãos. Dia de Penitência e, por isso, de alegria. Pois ela nos aproxima do Pai.
Portanto, toda penitência precisa ter sentido, precisa ser orientada para Deus, seja o jejum, a esmola ou a oração.
Muitos optam pelo jejum. Mas de nada adiante se abster de deleites mundanos apenas temporariamente, quiçá por uma saúde corporal, se esta não estiver acompanhada de perto pelo de desejo de ofertar seus benefícios a uma vida digna. E de nada adiantará, após o período da quaresma, retomar a prática dos mesmos hábitos pecaminosos.
O jejum alimentar, como caminho de salvação e entrega do corpo a Deus, deve ser feito pelo menos na quarta-feira de cinzas e sexta-feira santa, e se constitui em uma alimentação moderada, leve, três vezes ao dia, apenas. Fundamental é que identifiquemos o que é pecado ou nos leva ao pecado e nos abstermos desse comportamento, seja alimentar ou não.
É preciso adotar pensamentos que convertam, que propiciem uma mudança de vida voltada para o caminho apontado por Cristo:
- As práticas de piedade e caridade são particularmente valiosas para nos levarem ao encontro de Cristo no outro.
- A oração será uma grande aliada para deixarmos que Deus nos diga como mudarmos nossa vida.
- E a abstinência de tudo aquilo que nos afasta Dele será motivo de verdadeira alegria.
Onde estão minhas preocupações? O que me tira a Paz? O que me afasta de Deus?
Não devo colocar essas respostas no outro.
Pois é o meu coração que o Senhor quer (Sl 49, 12, "Se tivesse fome, não precisava dizer-te, porque minha é a terra e tudo o que ela contém"; Sl 50, 19, "Meu sacrifício, ó Senhor, é um espírito contrito, um coração arrependido e humilhado, ó Deus, que não haveis de desprezar").
Por isso, na sua Carta a um Ministro, Francisco de Assis disse: "que não haja nenhum frade no mundo, que tenha pecado tanto quanto puder pecar, que, depois que tiver visto teus olhos, nunca se retire sem a tua misericórdia, se buscar misericórdia"; n. 9). Pois também no outro experimentamos a misericórdia de Deus: "E assim queiras e não outra coisa. E que isso seja ti obediência verdadeira do Senhor Deus e minha, porque sei firmemente que esta é a verdadeira obediência. E ama aqueles que te fazem isso. E não queiras outra coisa deles senão o que o Senhor te der." (n. 3 a 6)
Paz e Bem!
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