(quando menos se espera, Deus nos fala)
Quero ser boa semente, ó Senhor! Aquela que, caindo em Terra boa, produz muito frutos.
Quero ser semente para o semeador. (ver texto céu e terra)
“Não tenha medo deles, pois eu estou com você para protegê-lo” (Jr 1:8)
Jeremias recebeu a palavra de Deus para arrasar, demolir tudo o que de distante de Deus se encontrava, mas para depois “construir e plantar” (Jr 1:10). Para, com a Palavra, construir uma nova aliança.
“Eis que chegarão dias em que eu semearei […] sementes de homens […] para construir e plantar”, diz o Senhor (Jr 31:27-28)
Mas eu preciso fazer-me semente (como se fazer o próximo). Para isso, devo manter-me no caminho de Deus, onde posso frutificar. Devo, então, afastar as tentações.
Na parábola do semeador há esse caminho (v.g. Mt 13:1-9 e 18 segs.), o qual deve ser completado com os ensinamentos que o próprio Cristo faz acerca das tentações no deserto (Lc 4:1-13). São três passos, aplicáveis a cada passagem da Bíblia.
- a Sagrada Escritura traz a descrição de uma verdade, de um fato;
- a Sagrada Escritura tem lições que podem ser aplicada a nossa vida, ao que vivemos psicologicamente, ao nosso trabalho, ao nosso lar;
- a Sagrada Escritura contém a Verdade divina, de profundo saber e interpretação teológica.
Também três são os momentos a observar aqui:
Quando estamos áridos, o primeiro desejo é o de transformar as pedras em pão. Mas nem só de pão, do terreno, das coisas do mundo, vive o homem, mas, sobretudo, de Deus.
Mas esse seria um exemplo impossível para nós, transformar uma pedra em pão? Não, não é, se lembrarmos que falamos de Jesus. E a nós? A nós aproveita, sim, o ensinamento.
Tornar a pedra em pão é fazermos o que é para nós fácil e está ao nosso alcance. Simplesmente desobedecer o que deve ser feito e aproveitarmo-nos das facilidades que o mundo oferece para saciar nosso desejo.
É a semente que cai à beira do caminho, que se aliena das coisas do alto, que não compreende a Palavra de Deus.
Se superamos essa fase, a tentação persiste (“meu filho, se você se apresenta para servir ao Senhor, prepare-se para a provação” – Eclo 2:1) e faz crer que o certo é errado e difícil, mas: só a Deus adorarás! (Lc 4:8) Somos levados a crer que, com um pouco do que é errado, do mal, alcançaremos a paz. Porém, o sacrifício do Bem não abranda o mal.
Esta é a semente que está em terreno pedregoso e que, diante das perseguições, por não ter raiz, desiste nas tribulações.
Por fim, somos tentados, se resistimos a essas fases, a sermos vencidos pelo cansaço, a desistir da prática evangélica, a não resistir. Somos tentados a jogarmo-nos no abismo porque não haveria outra saída e aguardar pelos anjos. Mas o Senhor já nos mandou ao mundo!
E não tentarás o Senhor, teu Deus! (Lc 4:12)
É quando distorcemos o nosso próprio entendimento, somos tomados pelo que há de errado e não conseguimos mais discernis os sinais que nos chegam. Nossa mente não está mais nos céus. Mesmo que tenhamos vencido as fases anteriores, mas a tentação também se fez mais forte.
Contudo igualmente grande também será a libertação.
São aqueles presos pelas estruturas do mundo, pelas ilusões terrenas, que estão entre os espinhos, que impedem os frutos.
Não devemos tentar tornar a nosso favor preceitos que claramente são contrários. É fácil mudar o sentido. O mais difícil não é cumprir as leis, mas ver os erros que cometemos. Atualizar o que Deus pede é importante, pois Ele vive, mas isso não significa mudar o que claramente dizem em sua essência. “Eles dizem: ‘somos sábios, temos a Lei de Javé’. Mas a caneta falsa do escriba transforma em mentira a Lei de Deus” (Jr 8:8).
Na terra boa, estará aquele que ouve a Palavra, compreende-a e, assim, frutifica.
Cristo sempre semeia bem.
“Maldito o homem que confia no homem e que busca apoio na carne” (Jr 17:5). “Quando alguém puder medir o tamanho do céu nas alturas ou examinar com cuidado os profundos alicerces da terra, só então eu rejeitarei o povo inteiro de Israel por causa de tudo o que ele fez” (Jr 31:37). (Eles serão o meu povo e eu serei o Deus deles)
Não há como Deus nos abandonar, mas sempre que julgamos confiar apenas nas nossas razões, na nossa exclusiva capacidade de resolver os problemas, afastamo-nos dele, pois admoestou São Francisco: “Bem-aventurado o servo (Mt 24,46) que não se exalta mais por causa do bem que o Senhor diz e faz através dele do que pelo que diz e faz através de outro.” (c. XVII.)
Confiemos nas santas palavras da Escritura, sejamos boa semente, humilde e serva do Senhor.
Paz e Bem!
“Muitos olhavam para mim como um prodígio, porque eras tu o meu abrigo seguro.
Minha boca está cheia do teu louvor e do teu esplendor o dia todo.”
(Sl 71:7-8)
Nenhum comentário:
Postar um comentário