“Naquele
tempo, Jesus disse: Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque
escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos
pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. Meu Pai entregou tudo a
mim. Ninguém conhece o Filho, a não ser o Pai, e ninguém conhece o Pai, a não
ser o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelar.”
(Mt 11, 25-27)
Quando Cristo teve de explicar às pessoas como é o
Criador, Ele o chamou de Pai!
Quando ensinou a rezar, ensinou-os a se aproximar de
Deus como de um Pai, o Nosso Pai.
Um Deus do qual ninguém ousava se aproximar ou ver a
face. Agora, podemos nos dirigir a Ele com simplicidade, como filhos e como
irmãos.
A segurança com que ousamos nos aproximar da Força
Divina, que tudo criou, revelaria nossa pequenez. Mas que desaparece diante da
misericórdia divina, da certeza de ser amado.
É uma doação incondicional, uma amar generoso que
provém do íntimo do ser. Esse sentimento pode ser expresso pela palavra de
origem latina miseri-córdia (=ter
piedade-coração). Em hebraico, seria Hesed
ou Rahamim (cf. Carta Encíclica Dives in Misericordia, do Beato João Paulo II, sobre a Misericórdia Divina).
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Ninguém conhece o Filho, a não ser o Pai, e ninguém
conhece o Pai, a não ser o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelar
Assim disse Jesus: “que a luz de vocês brilhe diante
dos homens, para que eles vejam as boas obras que vocês fazem, e louvem o Pai
de vocês que está no céu.” (Mt 5, 16). É o Pai que vê as obras de Penitência
que praticamos escondido (Mt 6), que acolhe o Filho Pródigo, que deve ser
honrado, que conhece o que aproveitar de seu tesouro para a família (Mt 13,
52). Disse ainda Jesus: “se vocês, que são maus, sabem dar coisas boas a seus
filhos, quanto mais o Pai de vocês que está no céu dará coisas boas aos que lhe
pedirem”. (Mt 7, 11)
Mas às vezes podemos pensar que nem todos têm uma boa
relação com seus pais na Terra. Que nem todos os pais agem como São José, pai
adotivo de Jesus, e a quem o Senhor aprendeu a chamar de Pai e respeitar.
Deus nos dá pais neste mundo. E nunca estamos numa
família por obra do acaso. Nela tanto aprendemos quando ensinamos.
Mas imaginar Deus apenas com as imagens deste mundo
seria limitar-se às coisas terrenas e, portanto, uma forma de idolatria. Por
melhor que seja nosso pai, Deus não é o Pai que temos, é o que os Pais têm a
missão de ser (“sejam perfeitos como é perfeito o Pai de vocês que está no
céu”, Mt 5, 48). Por isso encontramos Nele tanto amor. Na família, “todos os membros evangelizam e são evangelizados” (Paulo VI, Evangelii Nuntiandi, n. 71).
“Da mesma forma como a chuva e a neve, que caem do céu
e para lá não voltam sem antes molhar a terra, tornando-a fecunda e fazendo-a
germinar, (…) assim acontece com a minha palavra” (Is 55, 10-11). Deus germina
e faz nascer. A terra dá frutos de Justiça, como Maria deu à luz o Senhor.
Esse criador “não é nem homem nem mulher, é Deus.
Transcende também a paternidade e a maternidade humanas (…) ninguém é pai como
Deus o é” (CIC 239).
Na Oração do Senhor, quando dizemos “Pai Nosso, que
estais no céu”, entramos em comunhão
com Ele e, portanto, com a Igreja, corpo de Cristo. Descobrimo-nos como filhos
de Deus e que assim devemos agir. O povo de Deus se entende como entregue a
Ele, “Eu sou Deus, o seu Deus” (Sl 49, 7), nosso
Deus. E é dever de todos os batizados levá-lo aos pequeninos, aos
marginalizados e aos que precisam do Amor do Pai (a oração da manhã finaliza
assim: “que no decurso deste dia, eu Te revele a todos”).
Rezar ao Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, do qual
também procede o Espírito Santo, deve ser feito sempre de modo consubstancial e
indivisível, reza-se ao Pai, com o Filho e o Espírito Santo. É junto a Ele que
Cristo intercede sem cessar.
Ninguém
conhece o Filho, a não ser o Pai
Deus é Pai não apenas porque cria, mas por sua bondade
e ternura. E, acima de tudo, é Pai em razão de seu Filho, Jesus Cristo. Eis uma
consideração fundamental para o dogma da Trindade. Deus também é Pai a partir da
geração de seu Filho, que assim se apresentou.
“Oh! como é glorioso, santo e grande ter nos céus um
Pai!” (São Francisco de Assis, Exortação aos irmãos e às irmãs sobre a
Penitência, cap. I, n. 11)
A experiência de refletir na terra a relação carinhosa
entre os Pais e os filhos deve ser um reflexo da união entre Deus-Pai e
Deus-Filho, com a força do Espírito Santo. Devemos ser misericordiosos no julgar uns aos outros. É importante
vermos as qualidades mais que os defeitos.
O Pai ensina, dá forças, cuida, sofre, angustia-se e
deve ter a fortaleza necessária para transmitir segurança e apoiar nos momentos
difíceis. É um cuidar para dar espaço à família, para levá-la e protegê-la como
fez São José em Nazaré.
Amém, Paz e Bem!
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