Em Mc 2:1-12: o inusitado da
pergunta de Cristo (curar ou perdoar?). Ele havia perdoado à vista da fé que
levou o pecador e a solidariedade a buscar Jesus.
Mas ele viu o interior, a
fé, a santidade e o pecado naquele homem. Isso é o importante para Cristo:
nossa aliança com Deus.
Mas Ele não esquece da nossa
dignidade para estar no mundo.
Os doutores da Lei pensam na
blasfêmia iminente: Quem é Ele?! “Como este
homem pode falar assim?” (v. 7). Ele estaria na compreensível mentalidade a
usurpar as prerrogativas divinas.
Eis o embate posto.
Mas Cristo foi além. O que seria mais fácil: curar ou
perdoar? Qual a razão dessa pergunta provocativa?
Se a resposta for perdoar, há uma blasfêmia contra Deus, pois
quem cura por dentro faz maravilhas por fora. E ninguém pode conseguir no mundo
uma cura sem a graça da outra; esse o pensamento.
Também não é mais fácil curar, pois estar-se-ia a diminuir o
poder de Deus e sua ação no mundo. Na verdade, são vistos como interligados, o
sofrimento do mundo conectado ao pecado contra Deus.
Isso fica subentendido na escrita do Evangelho. Ao perguntar
pelo poder de perdoar de Jesus, era necessário uma prova externa. Uma
preocupação mais com o exterior do que com o interior das pessoas. Um Deus que
seria visto, observado e acompanhado, pelo que faz no mundo e não pelo que Ele
é.
E Cristo suscita: o que é mais fácil, o interior, ou o
exterior?
No silêncio, “para que saibais” (v. 10), por questão de prova
a um grupo materialista do que já estava feito por dentro, a cura: “levanta-te,
pega tua cama, e vai para tua casa!” (v. 11)
Essa a razão de ser das manifestações divinas no mundo:
orientar o caminho, provar a quem for necessário o que se faz por dentro… Tudo
tem uma destinação. Não há uma cura aleatória, tudo se faz para demonstrar a
graça de Deus num momento em que tal se faz necessário. Assim se buscam mais
almas, assim oram, assim se convertem, assim são atendidos os pedidos dos puros
de coração, os quais nada pedem senão o que dá a videira.
“Para Deus nada é impossível” (Lc 1:37)
Para o homem, só o mundo das conquistas materiais é
acessível, mas ainda assim, mediante a ação divina que tudo criou. O perdão interior,
só mediante o caminho de Deus. Tudo é graça.
E Cristo mostra que n’Ele reside a integridade da criação, a Unidade perfeita da Trindade. Apenas
em Deus.
E que há um mundo interior e um exterior, os quais não
devemos confundir, por mais que um possa interferir no outro.
Não será com atos meramente exteriores que louvaremos a Deus
ou teremos prova de que Ele está presente. Nem será com uma fé vazia que
seremos seus seguidores (Tg 2, 26).
Assim ensinou o Cristo e nós “nunca vimos uma coisa assim”
(v. 12).
E para nós, o que
é mais fácil? Perdoar a si e ao outro ou buscarmos curas materiais?
O que temos feito, o que temos buscado? Será que fazemos isso
porque achamos que é o mais fácil? Provavelmente sim.
Como fazemos isso? Onde Deus participa desse projeto?
Como criticamos Jesus por não curar por fora? O que estamos a
esperar que Ele faça?
Podemos orar, pelos irmãos e por nós.
Paz e Bem!
“Cada casa tem o seu construtor; mas é Deus quem constrói
tudo.” (Hb 3, 4)
“Animem-se uns aos outros a cada dia, enquanto dura a
proclamação desse hoje, a fim de que
ninguém de vocês se endureça, enganado pelo pecado.” (Hb 3, 13)
“Por isso, tenhamos cuidado enquanto nos é oferecida a
oportunidade para entrar no descanso de Deus.” (Hb 4, 1)
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