Seguem alguns trechos para ajudar a compreender a vinculação da Igreja às reivindicações sociais. Não substituem a leitura integral do mesmo, exigem uma interpretação contextualizada e não trazem toda a sua fundamentação. Mas convidam à reflexão.
Além dos que estão abaixo, também se indica a leitura:
·
Carta Encíclica Rerum Novarum, do Sumo Pontífice Papa
Leão XIII, sobre a condição dos operários
·
Carta Encíclica Populorum Progressio de
Sua Santidade Papa Paulo VI, sobre
o desenvolvimento dos povos
·
Carta Encíclica Centesimus Annus do Sumo
Pontífice João Paulo II, no
centenário da Rerum Novarum
·
Carta Encíclica Sollicitudo Rei Socialis do
Sumo Pontífice João Paulo II, pelo
vigésimo aniversário da Encíclica Populorum Progressio
No final, conclui-se com Admoestação do Seráfico Pai
Francisco.
Paz e Bem!
EXORTAÇÃO APOSTÓLICA PÓS-SINODAL CHRISTIFIDELES LAICI DE
SUA SANTIDADE O PAPA JOÃO PAULO II SOBRE VOCAÇÃO E MISSÃO DOS
LEIGOS NA IGREJA E NO MUNDO
“Para animar cristãmente a ordem
temporal, no sentido que se disse de servir a pessoa e a sociedade, os fiéis
leigos não podem absolutamente abdicar da participação na « política », ou
seja, da múltipla e variada acção económica, social, legislativa,
administrativa e cultural, destinada a promover orgânica e institucionalmente o
bem comum.[...]
os fiéis leigos devem dar
testemunho daqueles valores humanos e evangélicos que estão intimamente ligados
à própria actividade política, como a liberdade e a justiça, a solidariedade, a
dedicação fiel e desinteressada ao bem de todos, o estilo simples de vida, o
amor preferencial pelos pobres e pelos últimos. Isso exige que os fiéis leigos
sejam cada vez mais animados de uma real participação na vida da Igreja e
iluminados pela sua doutrina social. Para isso poder-lhes-á ser de apoio e de
ajuda a familiaridade com as comunidades cristãs e com os seus Pastores.
Estilo e meio de realizar uma
política que tenha em vista o verdadeiro progresso humano é a solidariedade:
esta pede a participação activa e responsável de todos na vida política, desde
os cidadãos individualmente aos vários grupos, sindicatos e partidos: todos e
cada um somos simultaneamente destinatários e protagonistas da política. (42)”
CARTA ENCÍCLICA DEUS CARITAS EST DO SUMO
PONTÍFICE BENTO XVI, SOBRE
O AMOR CRISTÃO
“Isto significa que a construção
de um ordenamento social e estatal justo, pelo qual seja dado a cada um o que
lhe compete, é um dever fundamental que deve enfrentar de novo cada geração.
Tratando-se de uma tarefa política, não pode ser encargo imediato da Igreja.
Mas, como ao mesmo tempo é uma tarefa humana primária, a Igreja tem o dever de
oferecer, por meio da purificação da razão e através da formação ética, a sua
contribuição específica para que as exigências da justiça se tornem
compreensíveis e politicamente realizáveis.” (28)
“o dever imediato de trabalhar
por uma ordem justa na sociedade é próprio dos fiéis leigos. Estes, como
cidadãos do Estado, são chamados a participar pessoalmente na vida pública. Não
podem, pois, abdicar « da múltipla e variada acção económica, social,
legislativa, administrativa e cultural, destinada a promover orgânica e
institucionalmente o bem comum ». Por conseguinte, é missão dos fiéis leigos
configurar rectamente a vida social, respeitando a sua legítima autonomia e
cooperando, segundo a respectiva competência e sob própria responsabilidade,
com os outros cidadãos.” (29)
“A actividade caritativa cristã
deve ser independente de partidos e ideologias. Não é um meio para mudar o
mundo de maneira ideológica, nem está ao serviço de estratégias mundanas, mas é
actualização aqui e agora daquele amor de que o homem sempre tem necessidade. O
tempo moderno, sobretudo a partir do Oitocentos, aparece dominado por diversas
variantes duma filosofia do progresso, cuja forma mais radical é o marxismo. [...]Só
se contribui para um mundo melhor, fazendo o bem agora e pessoalmente, com
paixão e em todo o lado onde for possível, independentemente de estratégias e
programas de partido. O programa do cristão — o programa do bom Samaritano, o
programa de Jesus — é « um coração que vê ». Este coração vê onde há
necessidade de amor, e actua em consequência. Obviamente, quando a actividade
caritativa è assumida pela Igreja como iniciativa comunitária, à espontaneidade
do indivíduo há que acrescentar também a programação, a previdência, a colaboração
com outras instituições idênticas.” (31, b)
CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA LUMEN GENTIUM, SOBRE
A IGREJA
“Só Cristo é mediador e caminho
de salvação e Ele torna-Se-nos presente no Seu corpo, que é a Igreja [...] São
plenamente incorporados à sociedade que é a Igreja aqueles que, tendo o
Espírito de Cristo, aceitam toda a sua organização e os meios de salvação nela
instituídos, e que, pelos laços da profissão da fé, dos sacramentos, do governo
eclesiástico e da comunhão, se unem, na sua estrutura visível, com Cristo, que
a governa por meio do Sumo Pontífice e dos Bispos.”(14)
“Ensina, por isso, o sagrado
Concílio que, por instituição divina, os Bispos sucedem aos Apóstolos, como
pastores da Igreja; quem os ouve, ouve a Cristo; quem os despreza, despreza a
Cristo e Aquele que enviou Cristo.” (20)
CONSTITUIÇÃO PASTORAL GAUDIUM ET SPES, SOBRE A
IGREJA NO MUNDO ACTUAL
“É necessário, portanto, tornar
acessíveis ao homem todas as coisas de que necessita para levar uma vida
verdadeiramente humana: alimento, vestuário, casa, direito de escolher
livremente o estado de vida e de constituir família, direito à educação, ao
trabalho, à boa fama, ao respeito, à conveniente informação, direito de agir
segundo as normas da própria consciência, direito à protecção da sua vida e à
justa liberdade mesmo em matéria religiosa.” (26)
“O nosso respeito e amor devem
estender-se também àqueles que pensam ou actuam diferentemente de nós em matéria
social, política ou até religiosa. Aliás, quanto mais intimamente
compreendermos, com delicadeza e caridade, a sua maneira de ver, tanto mais facilmente
poderemos com eles dialogar.
Evidentemente, este amor e
benevolência de modo algum nos devem tornar indiferentes perante a verdade e o
bem. Pelo contrário, é o próprio amor que incita os discípulos de Cristo a
anunciar a todos a verdade salvadora. Mas deve distinguir-se entre o erro,
sempre de rejeitar, e aquele que erra, o qual conserva sempre a dignidade
própria de pessoas, mesmo quando está atingido por ideias religiosas falsas ou
menos exactas. Só Deus é juiz e penetra os corações; por esse motivo,
proibe-nos Ele de julgar da culpabilidade interna de qualquer pessoa.” (28)
“Ela própria manifesta assim ao
mundo que a verdadeira união social eterna flui da união dos espíritos e dos
corações, daquela fé e caridade em que indissoluvelmente se funda, no Espírito
Santo, a sua própria unidade. Porque a energia que a Igreja pode insuflar à
sociedade actual consiste nessa fé e caridade efectivamente vividas e não em
qualquer domínio externo, actuado com meios puramente humanos” (42)
“Entre os direitos fundamentais
da pessoa humana deve contar-se o de os trabalhadores criarem livremente
associações que os possam representar autênticamente e contribuir para a recta
ordenação da vida económica; e ainda o direito de participar, livremente, sem
risco de represálias, na actividade das mesmas.
Quando, porém, surgem conflitos
económico-sociais, devem fazer-se esforços para que se chegue a uma solução
pacífica dos mesmos. Mas ainda que, antes de mais, se deva recorrer ao sincero
diálogo entre as partes, todavia, a greve pode ainda constituir, mesmo nas
actuais circunstâncias, um meio necessário, embora extremo, para defender os
próprios direitos e alcançar as justas reivindicações dos trabalhadores. Mas procure-se
retomar o mais depressa possível o caminho da negociação e do diálogo da
conciliação.” (68)
“Os cristãos que desempenham
parte activa no actual desenvolvimento económico-social e lutam pela justiça e
pela caridade, estejam convencidos de que podem contribuir muito para o bem da
humanidade e paz do mundo.” (72)
“É plenamente conforme com a
natureza do homem que se encontrem estruturas jurídico-políticas nas quais
todos os cidadãos tenham a possibilidade efectiva de participar livre e
activamente, dum modo cada vez mais perfeito e sem qualquer discriminação,
tanto no estabelecimento das bases jurídicas da comunidade política, como na
gestão da coisa pública e na determinação do campo e fim das várias
instituições e na escolha dos governantes” (75)
“E de grande importância,
sobretudo onde existe uma sociedade pluralística, que se tenha uma concepção
exacta das relações entre a comunidade política e a Igreja, e, ainda, que se
distingam claramente as actividades que os fiéis, isoladamente ou em grupo,
desempenham em próprio nome como cidadãos guiados pela sua consciência de
cristãos, e aquelas que exercitam em nome da Igreja e em união com os seus
pastores”. (76)
“Tudo o que, tirado dos tesouros
da doutrina da Igreja, é proposto por este sagrado Concílio, pretende ajudar
todos os homens do nosso tempo, quer acreditem em Deus, quer não.” (91)
“Isto exige, em primeiro lugar,
que, reconhecendo toda a legítima diversidade, promovamos na própria Igreja a
mútua estima, respeito e concórdia, em ordem a estabelecer entre todos os que
formam o Povo de Deus, pastores ou fiéis, um diálogo cada vez mais fecundo.
Porque o que une entre si os fiéis é bem mais forte do que o que os divide:
haja unidade no necessário, liberdade no que é duvidoso, e em tudo caridade.”
(92)
SÃO FRANCISCO, ADMOESTAÇÕES, N. 3
“1.Diz o Senhor no
Evangelho: Quem não renunciar a tudo que possui, não pode ser meu discípulo (Lc
14,33); e:
2.Quem quiser salvar sua
alma, vai perdê-la (Lc 9,24).
3.Deixa tudo que possui e
perde seu corpo o homem que se entrega inteiro à obediência, nas mãos de seu
prelado.
[...]
7.Mas se o prelado ordenar
alguma coisa contra a sua alma, ainda que não lhe obedeça, todavia não se
separe dele.
8.E se por isso sofrer
perseguição de alguns, ame-os mais por Deus.”
9.Pois o que prefere sofrer
perseguição a separar-se de seus irmãos, permanece de verdade na obediência
perfeita, porque dá sua vida (cf. Jo 15, 13) por seus irmãos.
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